Dados da Projeção
Populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –
Revisão 2008 apontam que, em 2007, os jovens brasileiros com idade entre 15 e
29 anos somavam 50,2 milhões de pessoas, o que correspondia a 26,4% da
população total.
Não há consenso em
torno dos limites de idade que definem a juventude, pois esta é uma categoria
em permanente construção social e histórica, variando no tempo, de uma cultura para
a outra, e até mesmo no interior de uma mesma sociedade. Para operacionalizar o
conceito analiticamente, adotou-se aqui o mesmo recorte etário com que
trabalham a Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) e o Conselho Nacional de
Juventude (Conjuve) e que é adotado na proposta de Estatuto da Juventude, em
discussão na Câmara dos Deputados: de 15 a 29 anos, com os subgrupos de 15 a 17
(jovem-adolescente), de 18 a 24 anos (jovem-jovem) e de 25 a 29 anos
(jovem-adulto). A adoção deste recorte etário no âmbito das políticas públicas
é bastante recente. Antes, geralmente era tomada por “jovem” a população na
faixa etária entre 15 e 24 anos. A ampliação para os 29 anos não é uma
singularidade brasileira, configurando-se, na verdade, em uma tendência geral
dos países que buscam instituir políticas públicas de juventude. Dois
argumentos prevalecem na justificativa desta mudança: maior expectativa de vida
para a população em geral e maior dificuldade desta geração em ganhar autonomia
em função das mudanças no mundo do trabalho.
Juventude e Políticas
Sociais no Brasil 1980, quando havia no país 34,4 milhões de jovens; no
entanto, ainda é menor do que os 51,3 milhões projetados para 2010. As
projeções indicam, porém, que a partir daí a tendência de crescimento da
população jovem deverá se reverter, havendo redução progressiva no número
absoluto de jovens no Brasil, que chegará
a 2050 em torno de
49,5 milhões.
O peso numérico dos
jovens na atualidade, bem como o fato de que suas condições sociais presentes
deverão ter impacto sobre a fase seguinte da transição, justifica o olhar
especial sobre as questões que afetam e mobilizam os jovens brasileiros hoje. A
pesquisa de opinião Perfil da Juventude Brasileira – 200310 deixou evidente
que, para eles, os aspectos positivos de ser jovem sobrepujam em muito os
negativos: 74% dos informantes declararam que há mais coisas boas em ser jovem
do que ruins, contra 11% que declararam o contrário e 14% que optaram pelas duas
possibilidades simultaneamente. De um lado, entre as coisas boas
de ser jovem, destacaram-se
aspectos tão variados quanto não ter responsabilidades, poder aproveitar a
vida, ter liberdade, fazer amizades, ter saúde e disposição física, mas também
poder estudar e adquirir conhecimentos e poder trabalhar.
Sintomaticamente,
quando inquiridos sobre os assuntos que mais lhes interessavam, três
temas predominaram: educação, trabalho e oportunidades de cultura e lazer.
Embora os pesos
relativos se diferenciem conforme a idade, a escolaridade e o nível de renda
familiar, é interessante notar que este resultado geral espelha, em larga
medida, as expectativas sociais sobre esta etapa do ciclo da vida, estando todos
estes aspectos relacionados à liberalidade outorgada ao jovem para seu pleno desenvolvimento
pessoal e social – até mesmo a possibilidade de trabalhar, se entendida como
experimentação da inserção no mundo de trabalho e desenvolvimento de
capacidades.
De outro lado, entre as
coisas ruins de ser jovem, destacaram-se, na opinião dos entrevistados, o
convívio com riscos variados – drogas, violência, más companhias – e a falta de
trabalho e renda, além da falta de liberdade expressa pelo controle familiar.
Mais uma vez, chama atenção a correspondência entre a percepção dos jovens e da
sociedade em geral acerca desta etapa do ciclo de vida: os “problemas”
habitualmente correlacionados aos jovens pela opinião pública foram exatamente
aqueles citados pelos próprios jovens como os principais aspectos negativos da
condição juvenil. Isto fica ainda mais evidente quando se trata das maiores
preocupações dos jovens atualmente, entre as quais foram explicitamente
Quando se analisa o
número de jovens como proporção da população total, constata-se, contudo, que
há algum tempo eles vêm perdendo participação relativa: em 1980, eles
representavam cerca de 29% da população total, mas, em 2010, devem corresponder
a 26% e, em 2050, a 19,1%. O processo de envelhecimento populacional
refletir-se-á também no conjunto dos jovens: o grupo de 15 a 17 anos sofrerá
uma perda considerável, passando de 24,1% do total dos jovens para 19,5%; o
grupo de 18 a 24 perderá comparativamente menos, passando de 48,5% para 46,7%; já
o grupo mais velho, de 25 a 29 anos, aumentará de 27,3% para 33,8% ao fim do
período em foco.
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