Juventude e
vocação:
por um autêntico serviço à vocação
dos/as jovens
O tema juventude não aparece
na pauta da CRB do Rio Grande do Sul mais como preocupação e desafio que como
possibilidade e esperança. Na última Assembléia Regional o tema voltou à baila
e falou-se das características ambivalentes
e complexas do mundo juvenil: os/as jovens vêm a nós buscando algo
diferente mas não sabem bem o que querem; são abertos/as ao futuro e
solidários/as mas amam muito as novidades tecnológicas; vêm do mundo da pobreza
mais muitos/as aspiram uma vida burguesa; valorizam o convívio mas fogem de
vínculos mais duradouros; acreditam em Deus mas têm dificuldade de aceitar a
Igreja; apresentam graves deficiências educacionais e uma grande ignorância
religiosa; preferem uma vida leve e sem responsabilidades...
O tema juventude volta à
pauta, agora nas assembléias e encontros dos núcleos diocesanos e colocado em
relação com vocação e formação. Este texto quer ser uma proposta inicial de
reflexão, um meio para puxar a conversa e orientar as buscas. Sua elaboração se
baseia na reflexão realizada na Assembléia Regional de agosto de 2008 e na
contribuição dos/as assessores (cf. Anunciar,
ano 33, n° 119, p. 3-7); no documento Novas
vocações para uma nova Europa (da Obra Pontifícia pelas Vocações
Eclesiásticas); e no livro-pesquisa Chamados
a escolher, organizado por Franco Garelli (Paulus, Milano, 2006).
Juventudes, no plural
Para começar a reflexão é
preciso considerar duas questões fundamentais: a) aquilo que chamamos
‘juventude’ não é uma realidade objetiva ou natural, mas uma construção teórica condicionada por um determinado ambiente
sócio-cultural; b) temos várias
juventudes, tanto do ponto de vista etário como social, cultural, político
e religioso.
Portanto, não podemos falar
de juventude de forma generalizada,
como se fosse uma entidade ou um sujeito social único, nem de modo abstrato, como se fosse uma realidade em si mesma. Seria
mais adequado falar em termos de diferentes
visões de juventude e diversos perfis
de jovens.
Partindo de um ponto de
vista social, a ONU considera jovens as pessoas de ambos os sexos com idade entre 15 e 24 anos. Para efeito de
políticas públicas, o Brasil amplia essa faixa até os 29 anos. Para ambas as definições trata-se do segmento social que ainda não tomou decisões
fundamentais ou não atingiu uma forma de vida estável do ponto de vista
emocional, social, econômico e profissional.
Seis grupos típicos
Sabemos que toda tipologia é
relativa e condicionada pelos valores e escolhas de quem analisa, mas elas
podem ajudar a perceber a complexidade do que chamamos genericamente
‘juventude’. Priorizando o viés dos
valores e comportamentos, uma pesquisa patrocinada pela MTV distinguiu seis diferentes perfis de jovens.
1) Juventude antenada com o tempo: prolonga a permanência com os pais; aceita a
homossexualidade e o uso de drogas; é liberal e liberada, moderna e conectadoa,
aberta a novas experiências; aprecia as griffes,
frequenta o cinema e gosta de viajar.
2) Juventude politicamente correta: valoriza a realização pessoal e profissional
através do trabalho; aprecia a moda e se preocupam com a beleza física; valoriza a leitura, o jornal e o
rádio; engajada contra as drogas; tem muito conteúdo e pouca ousadia.
3) Juventude que sonha com as alturas e luta com as bases: sonha com casamento,
família e estabilidade doméstica; valoriza trabalho, a força de vontade e sonha
com a fama; vê a tecnonologia como ameaça; não acredita na força do voto;
sente-se mais ou menos feliz; valoriza muito o prioriza a TV como meio de
informação.
4) Juventude que vive intensamente: se relaciona bem com os pais e deseja prolongar a
permanência no ambiente familiar; em vista do dinheiro, aceita o trabalho mesmo
que não dê prazer; deseja aproveitar ao máximo a fase de juventude e adiar as
responsabilidades; aprecia a diversão e alimenta a ambição; é vaidosa e
preocupada com a aparência física; prioriza a beleza à inteligência; aprecia a
TV, a internet e os bares.
5) Juventude arranhada pela vida: apresenta baixas condições econômicas; vive
relações familiares fragilizadas, com pais separados, falecidos ou considerados
ultrapassados; sente-se frustrada com sonhos não realizados; deseja maior
liberdade, mais dinheiro e mais diversão; descrente, pessimista, e
insatisfeita; dá pouca importância ao voto e não acredita nas instituições; lê
pouco e não tem acesso à internet; considera a TV o principal meio de
informação e diversão.
6) Juventude solidária: a maioria está casada e inserida no mundo do trabalho; se relaciona
bem com os pais e valoriza a união familiar; é moralista e conservadora; a religião
ocupa espaço importante na sua vida; considera a honestidade um valor
fundamental; acredita em Deus e valoriza a Igreja; é conservadora em relação à
sexualidade e à independência feminina; é contra o uso de drogas, o aborto e o
casamento de homossexuais; tem aguçada consciência social; participa de
movimentos comunitários e aponta a falta de solidariedade como principal
problema no mundo.
Violentos ou violentados?
Segundo o IBGE, no ano 2000
em torno de 22% (47.800 mil) da população brasileira era composta de jovens
entre 15 e 29 anos; desse total de jovens, 84% (39.200 mil) viviam no meio
urbano e 16% (8.600 mil) viviam no meio rural.
Segundo a mesma fonte, em
2003 em torno de 36% dos jovens de 15
a 24 anos conjugava estudo e trabalho (índice que sobe
para 57% se são incluídos os trabalhos domésticos); e 27% dos jovens com 18 e
19 anos e 47% dos jovens com 20
a 24 anos não estudava. Mais que uma escolha pessoal, o
trabalho é importo pela necessidade de sobrevivência.
Os MCS frequentemente dão a
entender que os/as jovens são os provocadores da violência e omite que eles/as
são as principais vítimas. Os clichês sublinham que os/as jovens são violentos
e irresponsáveis, mas prefere esquecer que eles sofrem violência, tanto no
interior da família quanto no espaço social. Uma das estratégias mais fortes
para ameaçar e punir os jovens é o projeto de redução da idade penal.
A respeito da violência, a Sintese dos Indicadores Sociais
publicada pelo IBGE em 2004 revela o crescimento do índice de morte violenta de
jovens a partir da década de 80. Na faixa de 20 a 24 anos, a possibilidade
de um rapaz morrer de forma violenta (homicídio, suicídio, acidentes) é quatro
vezes superior à de uma moça da mesma faixa etária.
De 1980 a 2003 o índice de
óbitos por violência entre moças passou de 18 para 22 sobre 100.000 e de 121
para 184 sobre 100.000 entre os rapazes. É maior o número de jovens que morrem
vitimados por alguma forma de violência que por doenças!
Por isso, os/as jovens
brasileiros/as não são os principais provocadores de medo nos diversos extratos
da população, mas vivem eles/as mesmo/as sob o império do medo. Pode-se dizer
que eles/as vivem ameaçados/as por três
medos: o medo de morrer (por causa da violência); o medo de sobrar (por
causa da falta de trabalho e do difícil acesso à universidade); o medo de ficar
para trás (por não estarem conectados ou não poderem acompanhar a moda).
Um ambiente cultural ambivalente
A etapa da vida identificada
como juventude se carateriza em geral por uma grande capacidade afetiva, que se expressa nas relações de amizade
e acolhida. Mas a dinâmica afetiva é a um só tempo a força e a vulnerabilidade
dos/as jovens, pois é bombardeada pela cultura hegemônica e feita refém da
busca de satosfações imediatas e individuais.
A etapa juvenil da vida se
caracteriza também pela recusa das
tradições, pela sede de mudança e
pela busca de novidade. São marcas
próprias de quem vive numa etapa de transição. E a transição traz a ansiedade, a insegurança e os excessos.
O problema não está apenas nos/as jovens que, na ânsia pelo novo, rejeitam
valores importantes, mas também nas gerações adultas que, por medo de mudar,
cristalizam princípios ultrapassados.
Fundamentalmente são dois os
aspectos que marcam os/as jovens no início do século XXI: a reivindicação da subjetividade e o desejo de liberdade. Trata-se da da
necessidade de serem eles/as mesmos/as, de serem sujeitos de suas escolhas.
Estes são valores importantes da vida humana, mas na cultura pós-moderna
padronizada, que concebe a vida como fluidez permanente, tendem a assumir
feições de subjetivismo fechado e arbítrio irresponsável.
É apenas uma parte da
verdade que os/as jovens são superficiais e só querem viver o momento, que eles
preferem a experiência à verdade, as sensações aos valores, que lhe faltam os
grandes ideais, que são indiferentes aos oprimidos, que têm dificuldades de
lidar com os próprios limites, que aspiram uma vida light. É toda uma tendência cultural que põe a novidade à frente da
verdade, mantém as pessoas na superfície e na periferia de si mesmas e alimenta
o consumo voraz de mercadorias e imagens. Nos/as jovens apenas se expressa de
modo mais claro uma tendência predominante da cultura atual.
Os/as jovens brasileiros
vivem hoje num ambiente cultural
pluralista e ambivalente, religiosamente ‘politeísta’ e neutro, no qual as informações e as possibilidades
são muitas e diversas e faltam referências e princípios fundamentais em torno
dos quais se possa organizar sua vida. Por um lado, os/as jovens buscam
apaixonadamente afeto, autenticidade,
relações personalizadas e grandes horizontes; por outro, sentem-se sozinhos/as
na multidão, desiludidos/as frente às ideologias, eticamente confusos/as e
sedentos/as de bem-estar.
Juventude e religião
Uma pesquisa entre jovens
universitários/as mostra que os/as que se identificam como "jovens sem
religião" perfazem 32% dos/as entrevistados/as. Desse total, 12,2% dos/as
jovens se dizem agnósticos/as ou ateus/atéias e 19,8%, crentes sem
religião.Esse índice é muito superior aos números do IBGE, que indicam que
apenas 7,3% da população brasileira se diz sem religião.
Mas os/as jovens brasileiros
que se dizem religiosos/as dão mais valor à fé do que às igrejas. Eles/as
escolhem pessoalmente uma determinada religião e não o fazem sob a pressão da
família ou dos costumes. Ao mesmo tempo, cultuam com Deus uma relação de
intimidade, na qual o temor e a distância, tão presentes nas gerações
anteriores, não têm lugar. Os/as não encontram na Igreja aquilo que procuram e
esperam, e temem que ela limite sua liberdade. Para eles/as o problema não é
Deus mas a Igreja.
Assim, a fé dos/as jovens é
uma questão mais prática que teórica, algo mais antropológico que teologal. A
fé está em função das demandas de sentido, bem-estar e segurança. A antropóloga
Regina Novaes diz que “o espírito buscador do jovem não procura uma instituição
religiosa que o enquadre, mas uma doutrina onde ele se encontre... A juventude
tem fé não porque é bonito, mas porque precisa, ajuda a propor projetos e
avançar na vida".
Os/as jovens buscam uma
crença mais como um indivíduo emancipado e menos como o filho/a dependente da
tradição familiar ou social. Assim como
‘se batem’ para terem ‘um lugar ao sol’, eles/as procuram pessoalmente algo em
que acreditar profundamente. Por isso, em geral os/as jovens não aceitam
que as pessoas devam ter só uma religião e seguir suas orientações. Estão
convictos de que ter fé é mais importante do que seguir doutrinas rígidas.
Juventude sem vocação?
A cultura pluralista,
complexa e sem referências fundamentais na qual vivemos é como um grande e
moderno pantheon no qual todos os
deuses têm seu lugar. E parece que o modelo antropológico predominante é o do indivíduo sem vocação, fechado em si
mesmo e sem esperança, incosciente de seus próprios anseios mais profundos,
surdo e indiferente a tudo. Como reflexo disso temos jovens com identidade
incompleta e frágil, em busca de emoções fortes e fugazes, cronicamente
indecisos frente à escolha vocacional.
Nossos/as jovens,
especialmente os/as do mundo urbano e da classe média, sentem-se supérfluos no
jogo da sociedade e demissionários
diante da vida. Buscam independência e autonomia, mas o medo e a incerteza
os/as levam à dependência do ambiente e à busca de gratificações imediatas. Não
se sentem chamados/as a nada. Vivem sem vocação e sem futuro, ou temem que o
futuro seja uma triste fotocópia do presente.
A maioria dos/as nossos/as
jovens não tiveram a oportunidade de aprender a gramática fundamental da
existência humana e se comportam como um bando
migrante ou nômade: circulam sem parar de um ‘lugar’ para outro, tanto no
sentido geográfico como afetivo, cultural e religioso. Diante da ausência de
referências sólidas na sociedade e na Igreja, os/as jovens experimentam uma angustiante dispersão, temem o futuro e
evitam empenhos duradouros.
Apesar dessa cultura anti-vocacional, uma pesquisa
feita na Itália revela uma surpresa: os/as jovens não estão fechados à idéia de
vocação. Um total de 11% dos/as jovens pesquisados/as (e isso é muito!) revelam
que chegaram a pensar na vocação específica à vida religiosa ou sacerdotal e,
desse total, 20% alimentaram esse ideal por até três anos! O problema parece
não ser a falta de interesse pela vocação específica mas a falta de condições
para que amadureça e se realize. Faltam orientadores/as espirituais e propostas
pedagógicas que ajudem os/as jovens a aprofundar e consolidar sua vocação
específica.
A pesquisa mostra também que
os/as jovens cultivam a convicção de que cada
indivíduo tem uma vocação. Sentem-se chamados/as
a escolher e entendem que a vocação é o desejo
mais profundo da pessoa e lhe permite ser ela mesma e contribuir
eficazmente com a sociedade. Em outras palavras, a vocação está relacionada com a realização pessoal e com a busca de
satisfação, numa perspectiva de escolhas reversíveis e não definitivas.
Para os/as jovens, vida é uma questão de escolhas que produzem um percurso existencial modificável.
Um serviço vocacional
O que apresentamos acima são
como fragmentos ou fotos instantâneas que pretendem captar aspectos da nossa
juventude real. Aquela juventude do ‘nosso tempo’ (um passado frequentemente
idealizado!) não existe mais. A juventude dos anos 80, invenção dos adultos dos
anos 40 e 50, também já se foi. Podemos gostar ou não gostar dos/as jovens de
hoje, mas não podemos ignorá-los. É daqui que precisamos partir com o Serviço Vocacional e o Itinerário Formação.
Nossa ‘pastoral vocacional’
precisa superar um ‘defeito genético’. Quando eram numerosos os/as jovens que
batiam às portas dos seminários e conventos, não sentia-se necessidade de uma
‘pastoral vocacional’. Ela nasceu quando começamos a enfrentar a chamada ‘crise
vocacional’, a partir da década de 70. Esse é um paradoxo intrigante: quando
não existia a pastoral vocacional, tínhamos vocações em abundância; agora que a
criamos, e com todo seu trabalho, as vocações são poucas...
Nesse contexto, a ‘pastoral
vocacional’ nasceu mais que tudo como um serviço emergencial às nossas
instituições religiosas. Seu objetivo era apresentar à juventude a
possibilidade da vida consagrada e facilitar-lhe o ingresso. No fundo estava a
necessidade de prolongar a vida quase agonizante das congregações.
Precisamos reinventar a
pastoral vocacional como serviço
vocacional aos/às jovens de hoje, com o objetivo de ajudá-los/as a
descobrir e visualizar um horizonte de esperança, seus desejos fundamentais, a
grandeza de sua dignidade como pessoas, seu lugar e sua tarefa no mundo e na
Igreja. Trata-se de um serviço voltado
prioritariamente às necessidades dos/as jovens, e não aos interesses das
instituições religiosas.
Num contexto sócio-cultural
que propaga o modelo antropológico da pessoa sem vocação; que constringe os/as
jovens a viverem como nômades ou migrantes; que lhes provoca a sensação de que
tudo está definido e de que eles/as são dispensáveis e devem apenas curtir e
consumir... as congregações precisam ser criativas e pôr em movimento um serviço vocacional que ajude a juventude
a conhecer o anseio que habita nela, a ser sujeito de si mesma, a descobrir que
Jesus Cristo é um caminho de descoberta da própria dignidade e que um outro
mundo é possível, desde que ela faça escolhas lúcidas e responsáveis.
Inventar caminhos
A crise de vocações
específicas talvez seja sinal de uma crise mais ampla, de natureza teológica e espiritual: as comunidades
cristãs não estão conseguindo expressar sua vida em termos de vocação: diálogo,
acolhida, chamado e resposta. E pode ser também sinal de uma crise pedagógica: os princípios e
objetivos gerais parecem claros, mas os percurso e as estratégias formativas
não são precisos ou são inadequados. Novos tempos pedem novos caminhos.
O ponto de partida do serviço vocacional, que é também seu
ponto de chegada, é o Evangelho vivo, a saber: em Jesus Cristo, homem
livre e maduro, Deus acolhe e sustenta incondicionalmente a pessoa humana,
chama cada indivíduo a ser sujeito de si mesmo, a ser responsável pelos outros
e pela criação e a construir de um mundo novo.
Uma pastoral que queira ser serviço às vocações dos/as jovens de hoje
precisa desenvolver seu ministério mediante ações variadas, complementares e
progressivas. O congresso europeu de vocações enumerou as seguintes:
a)
Semear/chamar/despertar para a boa notícia da
vocação sempre e em todos os lugares, mesmo quando a semente parece se
desperdiçar em terrenos duros ou estéreis;
b)
Acompanhar os/as jovens na descoberta
de si mesmos/as, de suas aspirações e possibilidades, tomando-os/as pela mão e
desafiando-os/as a fazer escolhas livres e responsáveis;
c)
Educar/formar os/as jovens,
ajudando-os/as a tomar consciência de sua própria verdade e beleza, a ler e
compreender sua história, a aceitar e apreciar o Mistério que os/as envolve e
interpela, a invocar Aquele que os/as convoca;
d) Sustentar um processo de discernimento, oferecendo aos/às jovens
uma visão clara e atualizada da vida e da missão cristã, desenvolvendo a noção
de vocação como possibilidade de realização pessoal no caminho de Jesus Cristo,
ajudando-os/as a vencer a indecisão e manter-se abertos/as e dóceis ao chamado
e àquele que chama.
Repensar a formação
Os/as jovens que chegam às
nossas casas de formação ou que emitiram os votos recentemente trazem as marcas
do seu tempo e se aproximam de um ou vários dos perfis elencados no início da
reflexão. A maioria dos nossos itinerários de formação afirmam explicitamente
que partem da realidade concreta dos jovens, mas talvez partam mais da nossa
compreensão que da percepção que dela têm nossos/as jovens.
Precisamos considerar também que o processo de formação não obedece apenas às metas e estratégias explicitamente estabelecidos e à orientação dos/as formadores/as, mas também a uma pedagogia ou cultura institucional implícita. E aqui precisamos nos perguntar sobre a orientação implícita que as nossas instituições (Igreja e Congregações) propõem. Relações formalizadas e determinadas pelas tarefas e funções? Primazia das pessoas mais idosas e seus valores e infantilização dos/as mais jovens? Cada um deve arranjar-se por si mesmo? Acomodação à superficialiade e ao que é periférico?
Precisamos considerar também que o processo de formação não obedece apenas às metas e estratégias explicitamente estabelecidos e à orientação dos/as formadores/as, mas também a uma pedagogia ou cultura institucional implícita. E aqui precisamos nos perguntar sobre a orientação implícita que as nossas instituições (Igreja e Congregações) propõem. Relações formalizadas e determinadas pelas tarefas e funções? Primazia das pessoas mais idosas e seus valores e infantilização dos/as mais jovens? Cada um deve arranjar-se por si mesmo? Acomodação à superficialiade e ao que é periférico?
Apenas como pistas
provisórias, e sem nenhuma intenção sugerir tudo, pode-se elencar uma série de cinco princípios pedagógicos que podem
ajudar na difícil arte de contribuir na formação das jovens gerações na vida
religiosa:
a)
Partir da realidade dos/as
jovens:
Isso significa compreender como eles se vêem e se sentem, como experimentam o
mundo, a Igreja, a vida religiosa, a Congregação; quais são as feridas, os
valores e os sonhos que alimentam; e sempre com a cuidado de não substituir a
visão experiencial dos/as jovens pela nossa visão acadêmica.
b)
Colocar-se como companheiro/a de caminhada: Os/as formadores/as não são
especialistas em humanidade e vida consagrada, mas essencialmente irmãos e
irmãs apaixonadas pela humanidade e pela busca de Deus que se dispõem a
acompanhar irmãos e irmãs mais novos nessa mesma aventura.
c)
Priorizar o espaço
pedagógico do cotidiano: Como nos 30 anos da vida de Jesus em Nazaré, as relações cotidianas –
cujos traços são a concretude, a proximidade, o anonimato, a interioridade e a
capilaridade – são o espaço privilegiado da descoberta e acolhida de si, da
acolhida do outro, da experiência de Deus e da abertura à missão.
d) Estabelecer a centralidade de Jesus Cristo: O encontro pessoal com
Jesus Cristo e a adesão a ele e à sua proposta de liberdade, de fardo leve e de
paixão por Deus e pela humanidade, merece prioridade em relação à assimilação
do carisma e da espiritualidade da Congregação.
e)
Capacitar para a renovação
permanente das opções: Conscientes de que o mundo das relações é líquido e fluído, que ‘o
amor é eterno enquanto dura’ e que uma opção só se mantém se for recriada
permanentemente, o processo formativo precisa motivar e capacitar os/as jovens
à manutenção e reinvenção da escolha feita no decurso do tempo e frente às
dificuldades e novas experiências.
Pe.
Itacir Brassiani msf
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